Uma plataforma de analítica de dados criada em Portugal pela Vodafone e a Celfocus está a ser usada por vários municípios para extrair conhecimento e democratizar o acesso a este tipo de ferramentas, disse ao Dinheiro Vivo o administrador da Unidade de Negócio Empresarial da Vodafone, Henrique Fonseca.
“Temos feito tantos projetos destes que recentemente lançámos uma plataforma de analítica que vem democratizar o acesso aos dados para todo o tipo de empresas, quer sejam grandes, pequenas ou médias”, descreveu.
A solução permite, por exemplo, saber quantas pessoas passam à porta de um estabelecimento num dia, pode ajudar entidades a decidirem onde é que vão abrir uma loja, a melhorar o planeamento da ocupação e estratégias de marketing de turismo, ou ajudar a gerir rotas de transportes e logística.
“Acima de tudo, a nossa plataforma tem essa grande vantagem de agora democratizar o acesso disto a entidades de qualquer tamanho”, referiu Henrique Fonseca.
O responsável falava da Vodafone Analytics no âmbito da Vodafone Business Conference, que vai decorrer em Lisboa a 27 de novembro e debruçar-se sobre o mundo hiperconectado. A plataforma está a ser usada como municípios como Lisboa, Portimão, alguns no Alentejo e norte do país, sendo o turismo um ponto de grande interesse. A partir da análise dos dados, é possível determinar as rotas dos turistas, o comportamento das pessoas quando vão a eventos, se vale a pena criar um passe para museus ou que oportunidades existem quando atracam navios de cruzeiro.
O administrador aludiu ao interesse de outros países na implementação de soluções do género da que foi lançada há muito pouco tempo no mercado nacional e usa dados anonimizados das antenas da Vodafone.
“Algumas das inovações aqui em Portugal, como esta do Vodafone Analytics, são oportunidades para os nossos colegas que estão noutros países poderem vir cá aprender, perceber como é que determinados municípios ou determinadas entidades privadas estão a utilizar estes dados e poderem depois implementá-los nos seus países”, afirmou Henrique Fonseca.
Para o responsável, este é um momento importante para as organizações perceberem como podem tirar partido da hiperconectividade e aumentar a produtividade, rentabilidade, eficiência e sustentabilidade. Há várias tecnologias em causa, com destaque para IoT (Internet das Coisas), IA (Inteligência Artificial), machine learning, cloud e 5G, que suporta as restantes.
“O 5G tem aqui um papel absolutamente fundamental na dinamização da utilização de todas essas tecnologias”, salientou Henrique Fonseca, considerando que não há sector que não beneficie do salto tecnológico. “Queremos que esta digitalização não seja meramente agarrar na sua forma de trabalho e passar essa forma de trabalho a digital, seja antes uma oportunidade para as empresas poderem rever a forma como trabalham, e poderem melhorar o seu processo.”
Um exemplo disto é a Transinsular, referiu o administrador, que instalou dispositivos nos contentores para monitorizar a sua localização e integridade da carga ao longo do transporte. Outro é o da EDP, que implementou uma rede 5G na barragem de Castelo do Bode e está a testar casos de utilização com a Vodafone, que incluem aplicações de segurança, manutenção, operações críticas com drone, videoanalítica e realidade aumentada.
Há também o exemplo recente da Cimpor, que implementou duas redes 5G privadas nas fábricas de Alhandra e Loulé e tem mais planos para a do norte.
Mas Henrique Fonseca alertou também para a necessidade de prevenir os riscos do “always on”. Não apenas o da cibersegurança, já que a conectividade aumenta a exposição, mas também de implementações mal pensadas.
“Se as empresas digitalizarem processos que hoje em dia estão mal definidos, eles vão continuar mal definidos”, disse. “Tem que haver aqui uma preocupação para não estarmos apenas a fazer a transcrição digital das rotinas físicas ou analógicas mas sim aproveitar a digitalização para implementar processos que sejam mais robustos e que procurem o aumento da eficiência e da produtividade.”












