06-11-2025

Tecnologia pode ser “contribuinte positivo para a sustentabilidade” se empresas tiverem esse racional

O desafio de atingir objetivos de sustentabilidade à medida que aumenta o número de dispositivos, empresas e pessoas sempre ligados é um dos mais importantes neste momento.

O mundo vai atingir o marco de 50 mil milhões de dispositivos interconectados durante os próximos cinco anos, numa altura em que o desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial consome cada vez mais recursos energéticos.

Esta conjuntura coloca um desafio de sustentabilidade às empresas, que foram estabelecendo objetivos de descarbonização nos últimos anos e têm de gerir custos energéticos elevados. Por outro lado, uma escala tão elevada com milhões de dispositivos pode aumentar o lixo eletrónico. O problema não é novo – já foi endereçado várias vezes na última década, incluindo em programa das Nações Unidas, mas o crescimento exponencial que se está a verificar torna o tema mais urgente. Poderá o mundo hiperconectado ser também sustentável? 

A diretora de Produtos e Serviços da Vodafone Business, Filomena Pereira, considera que é possível se forem tomadas as medidas certas. 

“É necessário que exista essa preocupação, ou seja, de construir um mundo hiperconectado mas que também seja sustentável”, considerou a responsável ao Dinheiro Vivo. “Temos que pensar que este mundo hiperconectado pode-nos trazer ganhos relevantes em termos de produtividade, a capacidade de processamento e interpretação de grandes quantidades de dados em pouco tempo, tomar decisões mais informadas, agir rapidamente e corrigir ineficiências.”

A diretora  considera que é preciso assegurar que a tecnologia está a contribuir para o aumento da produtividade e para a redução do desperdício, com uma medição de custo e efeito – se o custo da tecnologia, em termos energéticos e desenvolvimento, está a trazer um retorno que compensa.

“Se todas as formas de utilização da tecnologia tiverem esse racional, penso que vamos conseguir fazer com que a tecnologia seja um contribuinte positivo para a sustentabilidade”, afirmou.

Filomena Pereira deu o exemplo da Vodafone, que tem tentado tornar as suas redes mais eficientes. As operações da Vodafone na Europa são suportadas por eletricidade proveniente de fontes renováveis desde 2021, apontou.

“Este é um exemplo de esforço que acho que as organizações têm que fazer de ir equilibrando”, disse ainda. “Encontrar formas de se tornarem mais sustentáveis e de utilizarem a tecnologia para contribuir para esse mundo mais sustentável.”

A questão, segundo o Fórum Económico Mundial, passa também pela utilização da tecnologia para reduzir o consumo de energia. Embora se preveja que a exigência energética dos centros de dados vai aumentar de 1% em 2022 para mais de 3% em 2030, sistemas de Inteligência Artificial estão a ser usados para ajudar as empresas a reduzirem o consumo até 60%. Essa poupança pode advir da otimização do armazenamento de energia, maior eficiência das baterias e gestão mais inteligente das redes. 

O FEM salientou, na sua reunião anual, que serão necessários “esforços coordenados” por todas as indústrias, com foco na regulação, incentivos financeiros, inovação tecnológica e desenvolvimento do mercado. 

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