27-11-2025

Cidades com cérebro, IoT de dispositivos médicos e iSIM: tudo o que futuro hiperconectado vai trazer

Em 2035, haverá 50 mil milhões de objetos conectados pela Internet das Coisas e as cidades terão cérebro, com mudanças significativas na qualidade de vida das pessoas. Esse será um dos resultados do mundo hiperconectado, segundo explicou o futurista australiano Andrew Grill na sua apresentação durante a Vodafone Business Conference. 

“Prevejo que, em 2035, os cérebros das cidades serão tão comuns quanto semáforos”, declarou o futurista, usando a referência do sistema de Inteligência Artificial da empresa chinesa Alibaba, chamado precisamente City Brain. Com esta tecnologia, a cidade de Hangzhou conseguiu diminuir a congestão das suas estradas e cai do lugar 50 das cidades mais congestionadas da China para o 57. 

O “cérebro” coordena hoje 1.000 semáforos e melhorou a resposta dos serviços de emergência em 49%. “Se conectarmos as coisas à nossa volta, podemos beneficiar imediatamente como sociedade”, salientou Andrew Grill. A extrapolação para a Europa dos resultados já obtidos em cidades asiáticas como Hangzhou e Tóquio, onde foi experimentada uma solução de gémeo digital para gerir multidões, pode significar uma redução do tráfego em cerca de 20%. “Mas é preciso que as coisas estejam conectadas, não apenas semáforos mas também os veículos nas estradas”, apontou Grill. O futurista considera que vamos ver a evolução de cidades com cérebro nos próximos anos, incluindo a dedicação de estradas apenas a carros autónomos. “Não estamos muito longe disso”, antecipou. “Podemos ver isto em cinco ou dez anos.” 

IoT para a saúde

Um dos sectores que terá maiores benefícios na era hperconectada é o da saúde, defendeu Andrew Grill. O especialista disse que os cuidados de saúde, em vez de serem reativos e episódicos, passarão a ser contínuos, proativos e personalizados. “A saúde conectada vai alavancar o 5G, IoT e IA para esbater a fronteira entre a clínica e a casa”, indicou. 

Com ‘wearables’ ligados a monitorizar dados de saúde e condição física e a capacidade de conectar tudo dentro do hospital, Andrew Grill acredita que vamos entrar numa “Internet of Medical Things”, uma IoT de dispositivos médicos. “Em todos os hospitais, cada cama e dispositivo podem ter IoT. Uma única cama inteligente de hospital pode produzir 50 megas de informação por hora”, descreveu. Essa capacidade permitirá que os pacientes recebam cuidados personalizados e preventivos, o que levará a detetar doenças mais cedo. 

Andrew Grill também previu que vamos ver cada vez mais redes energéticas inteligentes e conectadas. 

Mas o passo seguinte, projetou, é a massificação dos eSIM – cartões móveis digitais que substituem os cartões físicos. Com a integração futura em semicondutores – aquilo a que Grill chamou de iSIM, SIM integrados – será possível estarmos conectados em qualquer lugar a qualquer momento, sem nunca questionar se há cobertura. 

Isso trará “melhorias tangíveis na forma como vivemos”, afirmou. “Acredito mesmo que o futuro é hiperconectado e as possibilidades são inspiradoras.”

 

Foto: Gerardo Santos

Artigos relacionados

“Todas as indústrias têm o potencial de beneficiar de um mundo hiperconectado”

Phil Skipper, responsável da estratégia IoT na Vodafone, será um dos oradores da Vodafone Business Conference, marcada para 27 de novembro em Lisboa.

Há cada vez mais dispositivos IoT em ano que marca nova aceleração da tecnologia

Crescimento de 14% em 2025 elevará o número global de aparelhos conectados para 21,1 mil milhões.

“Não há nenhuma área imune àquilo que a Inteligência Artificial vai fazer com os dados”

Adolfo Mesquita Nunes, sócio da área de Direito Público e Regulação da Pérez-Llorca, é um dos oradores da 7ª edição da Vodafone Business Conference, que decorre a 27 de novembro no auditório da Reitoria da Universidade Nova de Lisboa.

“Se uma PME estiver sob ataque pode não ter margem para recuperar”

Pedro Soares, diretor nacional de segurança da Microsoft, defende que a cibersegurança deve ser encarada como uma questão de sobrevivência pelas empresas portuguesas e cita um estudo recente publicado pela empresa que mostra números relevantes: Portugal é agora o 12º país mais atacado na Europa.

“A IoT está a transformar profundamente a forma como todas as empresas operam”

O responsável pela estratégia de Internet das Coisas da Vodafone, Mário Peres, considera que a tecnologia é um dos fundamentos da hiperconectividade e traz muitas novas oportunidades às empresas.

Expansão de chips Wi-Fi para novos segmentos da Internet das Coisas impulsiona mercado mundial

Depois de uma contração acentuada, mercado está a registar uma reviravolta e prevê-se que cresça 17,3% ao ano até 2030.

Internet das Coisas está a permitir reinventar modelos de negócio, diz especialista

Algumas áreas estão mais avançadas que outras, tais como indústria e saúde, mas Mário Peres dá outros exemplos a fazer caminho na Europa.

Deloitte analisa mudanças na experiência do cliente, trabalho e segurança no mundo hiperconectado

As tecnologias que permitem a hiperconectividade têm impactos profundos na economia e vão levar empresas a transformar os seus negócio. Pedro Tavares, ‘partner’ e líder da Deloitte para a indústria TMT e Cyber, explica como.