Em 2035, haverá 50 mil milhões de objetos conectados pela Internet das Coisas e as cidades terão cérebro, com mudanças significativas na qualidade de vida das pessoas. Esse será um dos resultados do mundo hiperconectado, segundo explicou o futurista australiano Andrew Grill na sua apresentação durante a Vodafone Business Conference.
“Prevejo que, em 2035, os cérebros das cidades serão tão comuns quanto semáforos”, declarou o futurista, usando a referência do sistema de Inteligência Artificial da empresa chinesa Alibaba, chamado precisamente City Brain. Com esta tecnologia, a cidade de Hangzhou conseguiu diminuir a congestão das suas estradas e cai do lugar 50 das cidades mais congestionadas da China para o 57.
O “cérebro” coordena hoje 1.000 semáforos e melhorou a resposta dos serviços de emergência em 49%. “Se conectarmos as coisas à nossa volta, podemos beneficiar imediatamente como sociedade”, salientou Andrew Grill. A extrapolação para a Europa dos resultados já obtidos em cidades asiáticas como Hangzhou e Tóquio, onde foi experimentada uma solução de gémeo digital para gerir multidões, pode significar uma redução do tráfego em cerca de 20%. “Mas é preciso que as coisas estejam conectadas, não apenas semáforos mas também os veículos nas estradas”, apontou Grill. O futurista considera que vamos ver a evolução de cidades com cérebro nos próximos anos, incluindo a dedicação de estradas apenas a carros autónomos. “Não estamos muito longe disso”, antecipou. “Podemos ver isto em cinco ou dez anos.”
IoT para a saúde
Um dos sectores que terá maiores benefícios na era hperconectada é o da saúde, defendeu Andrew Grill. O especialista disse que os cuidados de saúde, em vez de serem reativos e episódicos, passarão a ser contínuos, proativos e personalizados. “A saúde conectada vai alavancar o 5G, IoT e IA para esbater a fronteira entre a clínica e a casa”, indicou.
Com ‘wearables’ ligados a monitorizar dados de saúde e condição física e a capacidade de conectar tudo dentro do hospital, Andrew Grill acredita que vamos entrar numa “Internet of Medical Things”, uma IoT de dispositivos médicos. “Em todos os hospitais, cada cama e dispositivo podem ter IoT. Uma única cama inteligente de hospital pode produzir 50 megas de informação por hora”, descreveu. Essa capacidade permitirá que os pacientes recebam cuidados personalizados e preventivos, o que levará a detetar doenças mais cedo.
Andrew Grill também previu que vamos ver cada vez mais redes energéticas inteligentes e conectadas.
Mas o passo seguinte, projetou, é a massificação dos eSIM – cartões móveis digitais que substituem os cartões físicos. Com a integração futura em semicondutores – aquilo a que Grill chamou de iSIM, SIM integrados – será possível estarmos conectados em qualquer lugar a qualquer momento, sem nunca questionar se há cobertura.
Isso trará “melhorias tangíveis na forma como vivemos”, afirmou. “Acredito mesmo que o futuro é hiperconectado e as possibilidades são inspiradoras.”
Foto: Gerardo Santos












